sexta-feira, 8 de maio de 2020

Pluralismo Religioso


Andei lendo, vendo, e pensando em algumas coisas. Fiquei tão impressionado e preocupado que resolvi escrever sobre o assunto, espero que dê pra entender... rsrs


Existe um conceito ou uma tendência que é o “pluralismo religioso”. Esse pluralismo defende a ideia de que não importa se uma religião fala a verdade ou não, o que importa é se ela faz bem ao individuo, e sendo assim a verdade religiosa fica em segundo plano. Em um primeiro momento isso pode até soar ingênuo, mas esse pensamento é absolutamente perigoso. A ideia de que, “não importa a religião, o importante é se sentir bem” é seguramente prejudicial e pode esconder problemas graves.

No livro “A Verdade” que é uma reunião de artigos de renomados escritores, feita pelo também brilhante D.A. Carson esse assunto é analisado. Um dos artigos do livro é assinado por Harold Netland e Keith Johhson, e nele os autores trazem uma boa maneira de entender o problema do pluralismo religioso. A problemática é introduzida por uma questão interessante, que pode ser resumida com a pergunta: A única religião correta é o cristianismo?” Como você responderia essa pergunta?

Se disser “sim”, poderá ser acusado de preconceito ou intolerância religiosa. Se responder “não” será facilmente acusado de ceder ao sincretismo religioso. A questão é difícil de responder, reconheçamos. Na tentativa de oferecer uma resposta à esse problema a quem diga que o que mais importa na religião não é o que ela diz, mas o resultado na vida de cada pessoa em particular. Isso parece bonito não é? Soa super inclusivo e politicamente correto. Mas vamos com calma! Pense comigo. Existem várias correntes religiosas que admitem e praticam sacrifícios humanos. Quer dizer que se uma pessoa disser que se sente bem sacrificando um bebê durante um culto, tudo bem? Há também religiões que fazem trabalhos de feitiçaria para matar, adoecer, prejudicar outras pessoas. Então se durante um culto o sujeito pedir para que Deus/deus mate ou coloque um câncer no seu desafeto está tudo bem, afinal ele se sente bem fazendo isso?

Como a ideia não é escrever exaustivamente sobre o assunto, claro que estou usando situações extremas, mas isso pode ser observados em situações de “menor importância” também. O que eu pretendo mostrar dos exemplos que dei é que esse pensamento de que “não importa a religião, o importante é que você seja feliz” pode ser muito perigoso, não somente para a religiosidade do indivíduo como também para a criação de padrões e valores éticos e morais. Se você é cristão talvez esteja lendo e concordando com tudo que estou falando sem muita dificuldade, afinal o cristianismo não faz sacrifícios humanos nem trabalhos de feitiçaria. Mas se eu te disser que temos um problema parecido no meio cristão?

Onde quero chegar? Veja, existe atualmente a tendência de um “Evangelho Plural”, uma espécie de personalização do conteúdo da mensagem bíblica. Estamos em alguns momentos abrindo mão de valores essenciais da verdade religiosa para podermos incluir o maior número de pessoas no rol de membros da congregação. Isso tem acontecido em diversas frentes evangélicas e em suma defende que não podemos julgar as pessoas, temos que aceita-las e entende-las. Talvez isso até possa ser verdade, mas não é tudo!

Entre muitos fatores que eu poderia elencar aqui, vou me ater à apenas um: “O que determinada religião está ensinando a respeito do destino final dos seres humanos?” Responder essa pergunta é vital, pois se buscamos uma religião meramente inclusiva e que se preocupa apenas com o bem estar das pessoas aqui neste mundo, então o pluralismo religioso é aceitável. Contudo, se temos consciência de que a natureza da verdade religiosa é apresentar ao individuo a necessidade de uma regeneração de consequências eternas, então nem tudo será aceitável, e não haverá lugar para alguns comportamentos, ideologias e crenças.

A ideia de que todos os caminhos levam para Deus é um bom resumo do pensamento pluralista, seja em relação ao cristianismo ou a qualquer outra corrente religiosa, e no meu entendimento, no caso dos cristãos isso é bastante grave embora para alguns pareça algo irrelevante. Vou dar um exemplo simples. Tenho amigos que são da corrente calvinista (por exemplo Batista Reformada) e portanto acreditam na predestinação. Já outros são de corrente arminiana (Batista Tradicional outro exemplo) e creem que o ser humano foi dotado de livre arbítrio. Bom, a questão é, “quem está certo?” Tá todo mundo certo? Ninguém está certo? Se avaliarmos do ponto de vista da doutrina da salvação uma das duas correntes religiosas tem problemas sérios. Então novamente a questão é, “quem está errado?”

Se você já conversou com um crente reformado, sabe que eles são bastante enfáticos na defesa da crença calvinista. Mas veja, se um crente calvinista mudar de residência e no novo bairro houver apenas uma igreja tradicional (não reformada) que geralmente não crê em predestinação, esse crente provavelmente vai assistir o culto ali e louvar a Deus mesmo que lá dentro ensinem a “heresia” do livre arbítrio. E digo mais, possivelmente vão receber o “novo membro” sem se importarem com sua crença calvinista. 

Alguém talvez me diga que não vê problema, e que eu estou sendo radical. Mas se você estudar as duas correntes teológicas verá que o impacto na doutrina da salvação é enorme, e levando em conta que a salvação é a meta de todo aquele se entregou a Cristo, o entendimento correto da questão relativa à predestinação ou ao livre arbítrio é fundamental pois afetam o entendimento sobre Deus, justificação, obediência, decisão entre outros assuntos.  Não estou dizendo que não possamos de não devamos receber pessoas de outras denominações  em nossas igrejas. O que quero defender aqui é que, se cremos em uma verdade ela deve ser pregada, ensinada e defendida. Não podemos ficar em cima do muro porque nos é conveniente (Mt 5:37).

Novamente cintando Netland e Johnson vale a pena lembrar que “à medida que o número de opções religiosas aumenta, a autoridade relativa de qualquer tradição individual parece diminuir” (A verdade, 58). Aplicando isso ao cristianismo, podemos dizer que, quanto mais crenças diferentes existirem, mas a Bíblia fica em descrédito. Os autores mencionados acima ainda afirmam que a religião hoje é encarada como uma maneira de satisfazer os desejos de seus adeptos. Ainda que eles estejam se referindo majoritariamente às religiões não cristãs, o principio parece facilmente se acomodar às igrejas cristãs, evangélicas ou pentecostais e etc se levarmos em conta o exemplo citado anteriormente.

Hoje no mundo existem milhares de denominações evangélicas, e de modo geral elas discordam entre si. Se temos apenas uma Bíblia, uma mensagem, “uma só fé e um só batismo” (Ef 4:5) não parece razoável que todo mundo esteja certo. Pelo contrário penso até que são poucas as igrejas que estejam de fato no caminho correto, já que muitos vão no final, ouvir de Jesus um sonoro e contundente “não vos conheço” (Mt 7:23).

A maneira de resolver o problema? Estude a Bíblia! Mas não queira encontrar nela o que te satisfaz ou o que você concorda, mas sim o que de fato Deus está te dizendo. E pare aqueles que pregam a Palavra não caiam na tentação de acomodar a Revelação Divina ao gosto do freguês. Quem faz isso é chamado na Palavra de Deus de falso profeta (Is 3:12; 8:20; Jr 14:14; 27:15). O Evangelho deve alcançar a todos, mas a mensagem é única e inconfundível (Ap 14:6,7).



Pluralismo Religioso

Andei lendo, vendo, e pensando em algumas coisas. Fiquei tão impressionado e preocupado que resolvi escrever sobre o assunto, espero que d...