sexta-feira, 8 de maio de 2020

Pluralismo Religioso


Andei lendo, vendo, e pensando em algumas coisas. Fiquei tão impressionado e preocupado que resolvi escrever sobre o assunto, espero que dê pra entender... rsrs


Existe um conceito ou uma tendência que é o “pluralismo religioso”. Esse pluralismo defende a ideia de que não importa se uma religião fala a verdade ou não, o que importa é se ela faz bem ao individuo, e sendo assim a verdade religiosa fica em segundo plano. Em um primeiro momento isso pode até soar ingênuo, mas esse pensamento é absolutamente perigoso. A ideia de que, “não importa a religião, o importante é se sentir bem” é seguramente prejudicial e pode esconder problemas graves.

No livro “A Verdade” que é uma reunião de artigos de renomados escritores, feita pelo também brilhante D.A. Carson esse assunto é analisado. Um dos artigos do livro é assinado por Harold Netland e Keith Johhson, e nele os autores trazem uma boa maneira de entender o problema do pluralismo religioso. A problemática é introduzida por uma questão interessante, que pode ser resumida com a pergunta: A única religião correta é o cristianismo?” Como você responderia essa pergunta?

Se disser “sim”, poderá ser acusado de preconceito ou intolerância religiosa. Se responder “não” será facilmente acusado de ceder ao sincretismo religioso. A questão é difícil de responder, reconheçamos. Na tentativa de oferecer uma resposta à esse problema a quem diga que o que mais importa na religião não é o que ela diz, mas o resultado na vida de cada pessoa em particular. Isso parece bonito não é? Soa super inclusivo e politicamente correto. Mas vamos com calma! Pense comigo. Existem várias correntes religiosas que admitem e praticam sacrifícios humanos. Quer dizer que se uma pessoa disser que se sente bem sacrificando um bebê durante um culto, tudo bem? Há também religiões que fazem trabalhos de feitiçaria para matar, adoecer, prejudicar outras pessoas. Então se durante um culto o sujeito pedir para que Deus/deus mate ou coloque um câncer no seu desafeto está tudo bem, afinal ele se sente bem fazendo isso?

Como a ideia não é escrever exaustivamente sobre o assunto, claro que estou usando situações extremas, mas isso pode ser observados em situações de “menor importância” também. O que eu pretendo mostrar dos exemplos que dei é que esse pensamento de que “não importa a religião, o importante é que você seja feliz” pode ser muito perigoso, não somente para a religiosidade do indivíduo como também para a criação de padrões e valores éticos e morais. Se você é cristão talvez esteja lendo e concordando com tudo que estou falando sem muita dificuldade, afinal o cristianismo não faz sacrifícios humanos nem trabalhos de feitiçaria. Mas se eu te disser que temos um problema parecido no meio cristão?

Onde quero chegar? Veja, existe atualmente a tendência de um “Evangelho Plural”, uma espécie de personalização do conteúdo da mensagem bíblica. Estamos em alguns momentos abrindo mão de valores essenciais da verdade religiosa para podermos incluir o maior número de pessoas no rol de membros da congregação. Isso tem acontecido em diversas frentes evangélicas e em suma defende que não podemos julgar as pessoas, temos que aceita-las e entende-las. Talvez isso até possa ser verdade, mas não é tudo!

Entre muitos fatores que eu poderia elencar aqui, vou me ater à apenas um: “O que determinada religião está ensinando a respeito do destino final dos seres humanos?” Responder essa pergunta é vital, pois se buscamos uma religião meramente inclusiva e que se preocupa apenas com o bem estar das pessoas aqui neste mundo, então o pluralismo religioso é aceitável. Contudo, se temos consciência de que a natureza da verdade religiosa é apresentar ao individuo a necessidade de uma regeneração de consequências eternas, então nem tudo será aceitável, e não haverá lugar para alguns comportamentos, ideologias e crenças.

A ideia de que todos os caminhos levam para Deus é um bom resumo do pensamento pluralista, seja em relação ao cristianismo ou a qualquer outra corrente religiosa, e no meu entendimento, no caso dos cristãos isso é bastante grave embora para alguns pareça algo irrelevante. Vou dar um exemplo simples. Tenho amigos que são da corrente calvinista (por exemplo Batista Reformada) e portanto acreditam na predestinação. Já outros são de corrente arminiana (Batista Tradicional outro exemplo) e creem que o ser humano foi dotado de livre arbítrio. Bom, a questão é, “quem está certo?” Tá todo mundo certo? Ninguém está certo? Se avaliarmos do ponto de vista da doutrina da salvação uma das duas correntes religiosas tem problemas sérios. Então novamente a questão é, “quem está errado?”

Se você já conversou com um crente reformado, sabe que eles são bastante enfáticos na defesa da crença calvinista. Mas veja, se um crente calvinista mudar de residência e no novo bairro houver apenas uma igreja tradicional (não reformada) que geralmente não crê em predestinação, esse crente provavelmente vai assistir o culto ali e louvar a Deus mesmo que lá dentro ensinem a “heresia” do livre arbítrio. E digo mais, possivelmente vão receber o “novo membro” sem se importarem com sua crença calvinista. 

Alguém talvez me diga que não vê problema, e que eu estou sendo radical. Mas se você estudar as duas correntes teológicas verá que o impacto na doutrina da salvação é enorme, e levando em conta que a salvação é a meta de todo aquele se entregou a Cristo, o entendimento correto da questão relativa à predestinação ou ao livre arbítrio é fundamental pois afetam o entendimento sobre Deus, justificação, obediência, decisão entre outros assuntos.  Não estou dizendo que não possamos de não devamos receber pessoas de outras denominações  em nossas igrejas. O que quero defender aqui é que, se cremos em uma verdade ela deve ser pregada, ensinada e defendida. Não podemos ficar em cima do muro porque nos é conveniente (Mt 5:37).

Novamente cintando Netland e Johnson vale a pena lembrar que “à medida que o número de opções religiosas aumenta, a autoridade relativa de qualquer tradição individual parece diminuir” (A verdade, 58). Aplicando isso ao cristianismo, podemos dizer que, quanto mais crenças diferentes existirem, mas a Bíblia fica em descrédito. Os autores mencionados acima ainda afirmam que a religião hoje é encarada como uma maneira de satisfazer os desejos de seus adeptos. Ainda que eles estejam se referindo majoritariamente às religiões não cristãs, o principio parece facilmente se acomodar às igrejas cristãs, evangélicas ou pentecostais e etc se levarmos em conta o exemplo citado anteriormente.

Hoje no mundo existem milhares de denominações evangélicas, e de modo geral elas discordam entre si. Se temos apenas uma Bíblia, uma mensagem, “uma só fé e um só batismo” (Ef 4:5) não parece razoável que todo mundo esteja certo. Pelo contrário penso até que são poucas as igrejas que estejam de fato no caminho correto, já que muitos vão no final, ouvir de Jesus um sonoro e contundente “não vos conheço” (Mt 7:23).

A maneira de resolver o problema? Estude a Bíblia! Mas não queira encontrar nela o que te satisfaz ou o que você concorda, mas sim o que de fato Deus está te dizendo. E pare aqueles que pregam a Palavra não caiam na tentação de acomodar a Revelação Divina ao gosto do freguês. Quem faz isso é chamado na Palavra de Deus de falso profeta (Is 3:12; 8:20; Jr 14:14; 27:15). O Evangelho deve alcançar a todos, mas a mensagem é única e inconfundível (Ap 14:6,7).



domingo, 12 de abril de 2020

Cristianismo sem Cristo - Gl 1:8

Ninguém pode negar que se espera de todo cristão um comportamento ético, moral, exemplar. Vez por outra escutamos frases como “você é crente e fez isso?” Essa pergunta não pode ser vista sempre como uma acusação, mas penso que em boa parte das vezes ela reflete certa surpresa, uma vez que não se espera que o seguidor de Cristo tome determinadas atitudes negativas. Qualquer comportamento inadequado de um cristão é um desserviço ao Evangelho, à missão e a Igreja.

Mas devemos entender uma coisa muito importante. Por mais que se espere do crente um padrão comportamental exemplar, isso não reflete, ou não significa que alguém seja um bom cristão somente por isso. O que define de fato um cristão é a fé em Jesus Cristo. A convicção de que Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A certeza que Ele é o caminho, a verdade e a vida. E acima de tudo crer com convicção inabalável que Ele é o Alfa e o Ômega (Ap 1:8), o Verbo que se fez carne (Jo 1:1), enfim crer que Ele é Deus! 

Para muitas pessoas Jesus foi um bom homem, um filósofo, um revolucionário e isso não é mentira. Analise por exemplo a profundidade filosófica do Sermão da Montanha. O próprio Gandhi chegou a dizer que mesmo que Jesus não fosse divino, mesmo que Cristo não fosse o Messias da profecia bíblica, ele continuaria vendo o Sermão da Montanha como uma verdade. Ocorre que Jesus não é apenas um filósofo revolucionário. A Bíblia o apresenta como Deus encarnado e isso faz toda a diferença!

A Igreja primitiva levava isso tão a sério que consideravam a vida e ministério de Cristo as boas novas sobre o Acontecimento. Isso significava dizer que, as crenças fundamentais vinham primeiro, e só depois as questões comportamentais. Em outras palavras, se o sujeito não confessasse que Jesus era Deus não adiantava ele ser bonzinho, honesto ou educado. Se não criam que Jesus era Deus, então não serviam para ser cristãos. Pode parecer radical, mas era assim que eles “testavam” quem realmente tinha se convertido.

Hoje o fenômeno se repete. Existem muitas pessoas admirando e até copiando a forma de viver de Jesus, mas não confessam que Ele é Deus. Isso não pode ser chamado de cristianismo, talvez possa ser mais uma maneira de entender o que Paulo queria dizer com “outro evangelho” (Gl 1:8). Nosso papel como cristãos é confessar que Jesus é o Senhor, e só depois que estivermos absolutamente convictos disso é nossas “boas práticas” farão algum sentido. Viver um cristianismo de boas obras é importante, mas não podemos reduzir a nossa religiosidade a isso. Viver em função da ética, do comportamento aceitável pode não passar de um cristianismo sem Cristo. 

Na minha opinião, o desafio do cristianismo atualmente não é viver de forma exemplar, isso muitas pessoas que nem creem em Deus já estão fazendo. O maior desafio do cristão hoje é anunciar que Jesus de Nazaré é o Deus Poderoso que desceu do céu para habitar conosco, para ser diminuído à frágil figura humana a fim de se tornar compreensível para os limitados terráqueos. Para alguns Jesus é aquele que resolve nossos problemas, para outros Ele é aquele que preenche meu coração. Isso não é mentira, mas Ele não é só isso.
 
Também não devemos ver Jesus como um pobre coitado que foi traído por seus amigos chegados e por isso foi pendurado numa cruz. Precisamos enxergar em Cristo o Deus que se colocou debaixo da maior humilhação para dar a nós alguma chance de exaltação.

Fortaleça sua fé em Cristo, o Senhor de toda glória, o Rei dos reis e Senhor dos senhores. “E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.”  (Filipenses 2:11)




quinta-feira, 9 de abril de 2020

Não haja contenda entre nós - Gn 13:8


Disse Abrão a Ló: Não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos parentes chegados. Gênesis 13:8

Penso que um dos maiores desafios da vida humana é o relacionamento interpessoal. Seja com parentes, colegas de trabalho ou amigos, manter um relacionamento harmonioso é realmente um grande desafio de todos nós. Quantas vezes nós não nos indispomos com pessoas próximas por questões mínimas? Observe, nós indispomos com pessoas próximas, raramente temos conflitos com pessoas que não são do nosso círculo.

Em dias de isolamento, quando estamos obrigatoriamente mais próximos dos nossos familiares, em alguns casos dos amigos que dividem casas e apartamentos, nossas habilidades relacionais têm sido colocadas à prova. Pela minha experiência aqui em casa posso afirmar que, embora o isolamento tenha nos aproximado mais, também existem momentos de tensão já que não é tão fácil passar 24h x 7d juntos. Hora do banho, louça, cuidado dos filhos, internet, etc podem se tornar fatores de conflito.

O texto de Gênesis 13:8 é surpreendente no sentido de que mostra alguém que embora tivesse motivos e direitos, resolve abrir mão disso para evitar o conflito. Abraão chama seu sobrinho Ló para uma conversa e decide que eles devem se separar. Ocorre que ele não manda simplesmente o sobrinho embora, Abraão oferece à Ló a oportunidade de escolher para onde ir. Isso pode parecer simples, mas não é.

No contexto do antigo Oriente a pessoa mais velha tinha do direito de escolher. Abraão portanto poderia ter ficado com o melhor lado, a melhor pastagem, e mandado seu sobrinho embora. Contudo ele não fez assim, ele deixou Ló escolher. E tudo isso por um motivo que está muito claro no texto. No verso 7 lemos que os pastores de Ló e de Abraão estavam entrando em atrito. É possível que boa parte desses pastores de ovelhas fosse parentes de Abraão e Ló, então o que temos aqui é um conflito não somente comercial, mas também familiar.

No final do verso 8 Abraão dá a razão da separação, e esse ponto deve chamar nossa atenção. Ele resolve que o melhor é a separação não por causa das ovelhas, não por causa dos negócios mas por que são parentes próximos. O texto diz “porque somos parentes chegados.” O interesse de Abraão era conservar o vinculo familiar. O patriarca estava preocupado com a unidade da família, com a amizade, o bom relacionamento entre todos. Abraão tinha convicção que a paz na família valia muito mais do que as ovelhas, as terras ou dinheiro.

Quanto vale sua relação familiar? Quanto vale sua amizade? O que você estaria disposto a abrir mão para que a harmonia dos relacionamentos seja mantida? As pessoas hoje brigam por um lugar no sofá, pelo controle remoto, pela vaga na garagem e muito mais. Precisamos aprender a ceder para conservar nossos relacionamentos. “Não haja contenda entre mim e ti” deveria fazer parte do nosso vocabulário mais vezes do que expressões como: isso é meu; cuida da sua vida; me deixe em paz; comprei com meu dinheiro; e outras.

Usemos esse período de quarentena para refletirmos sobre isso. Não deixemos que o estresse do dia a dia, ou a busca incessante por recursos, destruam nossos relacionamentos. Busquemos a harmonia e estejamos mais dispostos a abrir mão dos “nossos direitos” para preservar a unidade e a paz em nossa família, no ambiente de trabalho, na escola, etc. Evitar a contenda pode nos dar um tesouro muito maior do que qualquer lucro financeiro ou material. Lembre-se que existem coisa que o dinheiro não pode comprar!

Um abraço,

Pr. Vanius Dias

domingo, 29 de março de 2020

Batismo nas águas - Mc 16:16


Dentro do contexto cristão o batismo pode ser considerado o rito mais importante. Jesus foi muito claro ao dizer que quem crer deve ser batizado (Marcos 16:16), uma vez que o batismo aponta para o novo nascimento (João 3:5). Quando o individuo aceita ser batizado ele está dizendo que deixará para trás a velha vida e viverá agora guiado pelo Espírito Santo. O próprio Jesus foi batizado por João Batista, e esse acontecimento marca o inicio do seu ministério terrestre. A vida de Jesus era uma antes do batismo, e depois do batismo passa ser outra. Sem sombra de dúvidas o batismo é um marco na vida de todo seguidor de Cristo.

Existe porém um pensamento de que todo aquele que foi batizado está salvo para sempre. Há até quem use a expressão “uma vez salvo, salvo para sempre” para validar a ideia de que basta ser batizado e está tudo resolvido. Essa inclusive pode ser a razão por que algumas pessoas batizam seus bebês recém nascidos. Devemos observar porém, que a perspectiva bíblica do batismo não é essa. O batismo não é um passaporte ou um visto que nos dará direito ao céu independe de como vivemos. Batismo exige compromisso com Deus, Jesus, com Espírito Santo, com a Bíblia, e com os mandamentos.

Antes que alguém se apresse em dizer que eu estou defendo a salvação pelas obras não, não é isso. Somos salvos pela graça (compromisso com Cristo), e motivados pela salvação obtida em Jesus obedecemos às orientações da Palavra (compromisso com os mandamentos), não para sermos salvos, mas por que já fomos salvos. Isso fica muito claro na história do povo de Israel quando saíram do Egito.

Em Êxodo 20:1 e 2 lemos: “Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”. Essa declaração é muito importante porque ela aparece antes de serem proclamados os Dez Mandamentos, constituindo assim o fator de motivação para obediência, ou seja, o povo foi salvo primeiro, libertado do Egito, a terra da escravidão, terra do medo, da vergonha, desobediência, e só depois que eles saem de lá é que são chamados para obedecer. Resumindo, a salvação vem primeiro, a graça chega primeiro e depois que reconhecemos a graça somos motivados a obedecer.

A essa altura você pode estar perguntando o que isso tem a ver com batismo, não é mesmo? Pois bem, logo depois que o povo saiu do Egito eles foram figuradamente batizados. Passaram pelas águas do Mar Vermelho e ali deveria para eles ser o marco da nova vida que deveriam viver, em gratidão e amor ao SENHOR que os havia livrado com braço forte. A passagem pelo Mar Vermelho pode ser um símbolo do batismo nas águas daqueles que entregam a vida a Jesus Cristo, deixando a velha vida para trás, deixando o Egito (pecado) no passado e tentando caminhar de forma diferente.

Mas o que vemos na história do povo hebreu não foi uma atitude de entrega e gratidão. Eles murmuraram, blasfemaram, desobedeceram, mesmo depois de terem visto o poder de Deus bem diante dos seus olhos. Aquele batismo no Mar Vermelho para eles não valeu de nada. E a maior evidência disso é que quarenta anos depois toda aquela geração que saiu do Egito não entrou na terra prometida. Isso te diz alguma coisa?

O que eu quero dizer é que, nem todo aquele que passa pelo batismo chegará ao Céu se não aceitar o compromisso de obedecer a Deus, de honra-lo, de ama-lo seja no deserto ou na pastagem verdejante. A Bíblia afirma claramente: “nenhum dos homens que, tendo visto a minha glória e os prodígios que fiz no Egito e no deserto, todavia, me puseram à prova já dez vezes e não obedeceram à minha voz, nenhum deles verá a terra que, com juramento, prometi a seus pais, sim, nenhum daqueles que me desprezaram a verá”. (Números 14:22,23) Dos dois milhões de pessoas que saíram do Egito somente Calebe e Josué tiveram a alegria de entrar na terra prometida.

É importante notar que antes de entrarem em Canaã, a nova geração também passa por um batismo, agora no rio Jordão (Josué 3:14-17). E mais uma vez as águas se abrem e o povo redimido tem a oportunidade entrar em aliança com Deus. Um paralelo interessante é que, assim como a nova jornada de Jesus se inicia no rio Jordão, o povo hebreu também passa pelas mesmas águas e assim estão em condição de possuir a terra que o SENHOR havia prometido para eles.

Se você já é batizado como você está vivendo o compromisso que fez com Cristo no dia do seu batismo? Se você ainda não é batizado o que te falta para entregar a vida nas mãos do Deus libertador. Ele pode nos libertar dos vícios, das brigas, da depressão, do desespero, do medo, e colocar em nosso coração a certeza da salvação, seja andando pelo deserto ou pelos pastos verdes. Em breve vamos atravessar a margem para entrar na Cidade Santa e somente aqueles que levaram a sério o compromisso com Cristo poderão passar pelo mar de vidro (Apocalipse 15:2).

Lembre-se, a vida de Jesus era uma antes do batismo, e após a sua passagem pelas águas ele aceita formalmente as responsabilidades de sua nova vida. Façamos o mesmo!


sábado, 28 de março de 2020

Imagens da Salvação


O tema central da Bíblia é a salvação. Desde o livro de Genesis até o Apocalipse de João a salvação é o fio condutor de toda narrativa bíblica. Muitas linguagens, imagens e metáforas são usadas ao longo de toda a Bíblia para descrever a redenção que Deus oferece ao homem por meio de Jesus Cristo.

No Pentateuco aparecem, por exemplo, expressões como “sacrifício pelo pecado”, “oferta pelo pecado”, temos também a expressão “propiciação”, “aliança”, “pacto” entre tantas outras. Os profetas também tratam do assunto usando expressões como “renovo”, “purificação”(Ez 36:33), “lavar” (Ez 36:34), “compadecer” (Os 1:7), “expiação” (Am 3:21), “eleição” (Is 41:8); “resgate” (Is 43:3).

No Novo Testamento o volume de expressões também é enorme. Nos evangelhos temos expressões como “nascer de novo” (Jo 3:4), “vida eterna” (Mt 19:16), “cordeiro de Deus” (Jo 1:29). Outros termos como “livro da vida”(Ap 20:15), “remanescente” (Rm 9:27) também aparecem. A lista poderia ser ainda maior, mas como não quero cansa-lo vou parar por aqui.

O que deve ficar claro é que Deus se utiliza de muitas linguagens para tornar claro pra nós o desejo que Ele tem de nos salvar e também a forma como isso de fato se realizada em nossa vida. De tudo que a Bíblia apresenta a mensagem fundamental é o desejo que o SENHOR tem de nos recuperar para Si.

Existem quatro termos que julgo serem muito importantes para nossa compreensão do tema “salvação”, são eles: redenção, reconciliação, propiciação e justificação. Esses termos ora aparecem juntos, ora separados. Vamos fazer uma breve (bem breve mesmo) análise desses termos.

1.   Redenção (ἀπολύτρωσις / apolitrosis): esse termo é usado no contexto do mercado, quando um escravo por exemplo é comprado por outra pessoa e passa ter alguns direitos e deveres na casa do seu patrão. A ideia é que éramos escravos do pecado e fomos comprados pelo sangue de Cristo para alcançarmos a liberdade. Essa liberdade, contudo deve ser vivida com responsabilidade já que por gratidão àquele que nos redimiu devemos nos comportar de forma apropriada e digna. “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.” (Colossenses 1:13,14)

2.      Reconciliação (καταλλάξαντος / katalaxantos): no caso dessa expressão ela é usada em contexto familiar, quando por exemplo um pai deseja reconciliar-se com seu filho que por alguma razão se distanciou. No livro de Lucas capÍtulo 15 temos a parábola do filho pródigo, onde o pai busca (re)conciliar os dois filhos. Da mesma maneira, Deus deseja reconciliar-se conosco, ainda que nós tenhamos voluntariamente nos afastado dele. “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação” (2 Coríntios 5:18,19). Através de Jesus Cristo, Deus nos oferece a reconciliação, deixando para trás nossas iniquidades e nos recebendo de volta. Contudo, devemos lembrar que essa reconciliação pode ser rejeitada, ou seja, alguns podem não aceita-la e portanto continuar afastados de Deus. A reconciliação, assim como em todo processo de salvação esbarra em nossa decisão.

3.      Propiciação (ἱλαστήριον / hilasterion): Esse é um termo usado no contexto de sacrifício. No livro de Êxodo 25:10-22 lemos que Deus instruiu Moisés a construir a arca da aliança e também uma tampa para ela que recebeu o nome de propiciatório. Uma vez por ano o sumo sacerdote deveria entrar na tenda sagrada, no santo dos santos e aspergir o sangue do bode sobre o propiciatório. Nesse ato o sumo sacerdote simbolizando a Cristo, apresentava a Deus o sague oferecido para remissão dos pecados do povo. “a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos (Romanos 3:25). O sangue de Jesus derramado por nós é apresentado diante de Deus fazendo assim a propiciação pelos nossos pecados. Todo aquele que aceita o sacrifício de Jesus em substituição pelos seus pecados recebe portanto a propiciação, uma vez que essa consiste na apresentação do sangue inocente derramado em lugar do pecador.

4.      Justificação (δικαιοῦται / dikaioutai): Esse é um termo judicial, e está relacionado ao ambiente de julgamento onde alguém é inocentado, não pelas provas, mas pela misericórdia do juiz. Sendo Paulo conhecedor dos termos jurídicos de sua época, ele faz uso dessa expressão para deixar claro que ninguém tem condições de se declarar justo. Somente Deus mediante a obra intercessora de Jesus pode nos declarar inocentes. Esse pensamento é claramente identificado na parábola do fariseu e do publicano (Lucas 18:9-14). O primeiro se achava justo por causa de suas “boas obras”, enquanto o segundo reconhecia seu pecado, suas falhas, e não podia fazer outra coisa a não ser clamar por perdão e misericórdia. “sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado” (Gálatas 2:16). É a aceitação do sacrifício de Jesus que nos torna justos. Somente reconhecendo nossos pecados e aceitando a Jesus como único meio de salvação é que de fato seremos considerados justos, “não por obras para que ninguém se glorie” (Efésios 2:9).

Essas e outras linguagens são usadas na Bíblia para nos mostrar que Deus está à nossa disposição, de braços abertos para oferecer perdão, poder e salvação. Perdão dos nossos muitos pecados, poder do Espírito para vencermos as ciladas que Satanás colocará diante de nós, e a salvação como prêmio final daqueles que reconhecem a Jesus como seu único Salvador.

Jesus é apresentado nas Escrituras como aquele que, por meio do seu sangue (redenção) pagou o preço na nossa salvação; ele também é apresentado como o pai que busca os seus filhos perdidos (reconciliação); Jesus é também descrito como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (propiciação); e finalmente Ele aparece como o advogado e juiz que vai nos declarar inocentes (justificação).

Que todos nós aceitemos a oferta de Deus para remissão dos nossos pecados, e assim, em gratidão pela salvação já alcançada, vivamos em obediência aos seus sagrados mandamentos.

Deus te abençoe.

Pr. Vanius H. Dias

sábado, 21 de março de 2020

O Evangelho Anti-Social - Ap 14:6-7


Não há como negar que pregar o evangelho envolve aliviar as dores daqueles que sofrem. Em Tiago 1:27 lemos claramente que a religião relevante é aquela que se preocupa com as necessidades do próximo. Se você se diz cristão mas não se importa com o sofrimento alheio, sinto muito mas você não é cristão.


Contudo, uma coisa deve ficar muito clara. Embora a pregação do evangelho envolva o cuidado com as necessidades das pessoas, a mensagem do evangelho não é essa. E antes que você fique bravo comigo me deixe explicar. Atender a necessidade as pessoas pode ser visto como uma ferramenta que vai nos ajudar a acessar o coração das delas. Obviamente será difícil alguém que está com fome me ouvir falar sobre a salvação em Cristo se sua necessidade física não for saciada. Por outro lado, o pregador não pode esquecer que o conteúdo ou o objetivo da pregação não é a luta contra a fome, ou a erradicação da pobreza, a luta de classes. A  pregação do evangelho é informar ao mundo quem é Jesus, o que ele fez na cruz, o que ele faz agora por cada um de nós, e também o que fará em breve quando voltar a esse mundo para resgatar os seus filhos.

Existe um ala cristã que defende o chamado “Evangelho Social”. Esse pensamento defende em resumo que o cristianismo existe para acabar com a pobreza, a injustiça, a desigualdade que há no mundo. Segundo T. A. McMahon, esse movimento teve inicio por volta do ano 1800, e tinha como fator motivador a busca por minimizar o sofrimento das pessoas, e assim atraí-las para o evangelho. Outro pensamento era que os cristãos deveriam lutar pelas minorias como mulheres, negros e crianças. A verdade é que os que acreditavam no evangelho social se empenhavam (e ainda se empenham) em tornar o mundo um lugar melhor, com a justificativa de prepara-lo para o vindouro reino de Deus.

Isso pode até parecer bonito, e no contexto atual até soa politicamente correto, contudo devemos entender que se quisermos que o evangelho simplesmente torne o mundo um lugar melhor e mais justo, então pra que desejar a pátria superior? Qual a necessidade de esperar a volta de Jesus se o mundo será um lugar melhor? Logo vale refletir que o foco do evangelho é o reino de Deus, e esse reino não é desse mundo.

Em Apocalipse 14:6 e 7 lemos:

“Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.”

Vamos entender o texto (resumo)
Símbolo
Interpretação
Anjo
Mensageiro, pregadores, eu e você
Voando
Velocidade, urgência
Evangelho eterno
Mensagem de salvação pregada desde o Edem
Nação, tribo, língua, povo
O mundo inteiro sem distinção
Temei a Deus e lhe glória
Amor a Deus, zelo profundo, louva-lo por quem ele é
Hora do juízo
Momento em que todos deveremos prestar contas com o Eterno
Adorai aquele que fez
Ele é o criador e essa é a motivação para adorá-lo

Dessa forma quando refletimos sobre a pregação do evangelho devemos compreender pelo menos cinco pontos:

1)Temos a responsabilidade de anunciar o evangelho de forma urgente;
2) O evangelho não é uma novidade, ele existe desde a eternidade (Ap 13:8);
3) O mundo inteiro deve ser o alvo dessa mensagem, não está restrito à uma classe social específica;
4) Deus é o centro dessa pregação, não o ser humano;
5) A verdadeira adoração é fruto da correta compreensão do evangelho eterno;

O que eu gostaria que você entendesse é que embora tenhamos a responsabilidade de cuidar dos necessitados, de assistir aqueles que são abandonamos à margem da sociedade, devemos mais ainda mostrar a essas pessoas que a solução para os problemas que eles enfrentam não está aqui neste mundo. O evangelho nos conduz a algo muito maior, a eternidade preparada para aqueles que se entregam a Jesus.

O discurso de que, o que Deus espera de nós é o amor ao próximo e ponto final, não condiz com o verdadeiro evangelho. Se amarmos de fato o próximo vamos sim nos preocupar com suas necessidades básicas aqui nesta terra, mas muito mais vamos nos preocupar com a salvação desse indivíduo. Vamos denunciar o pecado, sem a necessidade de massacrar o pecador, vamos dizer que existe um juízo eminente, e que para sermos aprovados diante de Deus devemos nos entregar a ele aceitando o sacrifício de Jesus, e em consequência disso buscar a mudança de vida exigida daqueles que desejam ser imitadores de Cristo (1Co 11:1).

Uma igreja que se empenha em apenas transformar a vida das pessoas aqui nesta terra não está pregando o verdadeiro evangelho. Ela está iludindo as pessoas, e plantando no coração delas o desejo de ficarem aqui, enquanto perdem de vista promessas muito superiores. O apóstolo Paulo captou bem o plano de Deus por meio do evangelho ao declarar que “...nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” (1 Coríntios 2:9)

Deus tem muito mais pra nós do que igualdade social, empregos ou direitos trabalhistas. Maranata!


segunda-feira, 2 de março de 2020

A Glória da Cruz - 1Co 1:18


Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. (1 Coríntios 1:18)

Uma das áreas de estudo dentro da teologia é filosofia. Não sou nenhum especialista em assuntos filosóficos, mas gosto muito de estudar tais temas. Um exercício que gosto de fazer é investigar um pouco da vida dos filósofos, desde os mais conhecidos como Platão e Sócrates, bem como outros menos populares como Lao Zi que é considerado o fundador do taoismo filosófico. Embora não concorde com tudo que eles falaram, é importante reconhecer que reflexões importantes podem ser extraídas do pensamentos desses grandes intelectuais.

Entre os filósofos gregos, existe um que eu acho bastante interessante pelo fato dele ter sido contemporâneo de Jesus Cristo, e ter visto, vivenciado algumas das experiências daqueles dias. Estou falando de Lucius Annaeus Seneca, ou simplesmente Sêneca. Esse filósofo nasceu em 4 a.C., na cidade de Córdoba na Espanha, era de origem importante, e sua família poderia ser considerada ilustre naqueles dias. Sêneca se tornou um dos mais importantes advogados do Império Romano, sendo também um dramaturgo de sucesso. Mais tarde se tornou uma referência para a dramaturgia europeia, sobre tudo no renascentismo.

No ano 41, Sêneca foi acusado pela esposa do imperador Cláudio, de ter cometido adultério com Júlia Lívila, sobrinha do imperador. Isso o levou a ser exilado em Córsega, e nesse período Sêneca dedicou-se aos estudos e escreveu boa parte de seus tratados filosóficos.

Tendo sido prisioneiro e conhecendo a maneira como os romanos lidavam com os condenados, Sêneca deu uma declaração bastante significativa. Ele disse certa vez, escrevendo à um amigo, que preferia se suicidar do que ser crucificado. Só pra termos uma ideia, a morte de cruz era a punição dada aos pobres, os escravos ou àqueles que hoje chamaríamos de “ladrões de galinha”. Morrer crucificado não era só terrível pela forma cruel como as execuções eram feitas, mas também porque não comunicava nenhuma glória ou prestígio ao condenado. Resumindo, para Sêneca, além de cruel seria uma humilhação morrer como um “João Ninguém”.

Como eu disse no começo, Sêneca viveu na mesma época que Jesus, e seguramente se pudéssemos entrevistá-lo para pedir sua visão sobre como Cristo se sentiu, o filósofo espanhol poderia nos dar grandes contribuições. Ele conhecia o contexto romano, já havia sido preso, teve sua vida ameaçada e tinha medo da morte de cruz por conhecê-la muito bem.

Esse pensamento parece ser o pano de fundo do texto do apóstolo Paulo em 1 Coríntios 1:18 que diz “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus.” Com certeza a cruz era uma loucura, e falar em um suposto salvador que morreu pendurado num madeiro sem glamour nenhum era um absurdo. Usando o argumento de Sêneca como base, seria uma aberração acreditar que um homem que foi morto da forma mais cruel e indigna que existia pudesse ser o rei de Israel, ou mesmo um mártir.

Mas veja, podemos fazer algumas perguntas: quem conhece Sêneca que preferia o suicídio à humilhante morte de cruz? O que significa a cruz hoje? Qual o valor atribuído ao madeiro em que “criminosos” como Jesus foram crucificados?

Não há como negar o poder da cruz! Alguns podem até não aceitar o significado soteriológico da cruz, mas não pode negar que ela é um objeto que tem impactado a vida de bilhões de pessoas mundo à fora. E porque isso? Por que a cruz tem esse poder? Obviamente a resposta não está na cruz em si, mas naquele que foi pendurado nela naquela sexta-feira pascal. A importância da cruz está intimamente ligada, e é impossível desassocia-la, da pessoa de Jesus Cristo. O poder da cruz é o poder de Cristo, o poder de Deus para salvar aquele que crê!

Se Sêneca fosse condenado à morte de cruz, isso seguramente não daria à ela o valor que tem atualmente. Mas, quem morreu na cruz foi o Verbo de Deus, a Palavra encanada, a Palavra de poder.
A cruz não é importante em si mesma, ela é o que é por causa daquele que foi pendurado, morto e ressuscitado. A cruz não tem glória nenhuma e nesse ponto Sêneca tinha razão, a glória está em Cristo, o Cristo vitorioso. E a propósito, a cruz está vazia!

Gaste tempo refletindo sobre a cruz, pensando no sacrifício de Jesus por cada um de nós, por você.

 “Far-nos-ia bem passar diariamente uma hora a refletir sobre a vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar assim em Seu grande sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais constante, nosso amor vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos de Seu espírito” (Ellen White, MM, 2004).

Deus te abençoe!

Pluralismo Religioso

Andei lendo, vendo, e pensando em algumas coisas. Fiquei tão impressionado e preocupado que resolvi escrever sobre o assunto, espero que d...