domingo, 31 de março de 2019

O Peixe Morre Pela Boca - 1 Samuel 10:17-26

Existe um ditado conhecido que diz “o peixe morre pela boca”. Acredito que a maior parte das pessoas sabe o que isso significa. Geralmente usamos este ditado para nos referirmos à pessoas que poderiam ter ficado quietas, de boca fechada em determinada situação mas preferiram dar voz a seus pensamentos e aí a coisa piorou. De fato, têm momentos que o melhor é realmente ficarmos calados para não piorarmos a situação, mas o problema é que na maior parte das ocasiões acabamos falando o que não devíamos, reagimos de forma quase irracional e assim criamos ou aumentamos um problema.

A Bíblia conta uma história interessante envolvendo o rei Saul. Geralmente as histórias que escutamos sobre este rei não são as melhores, mas hoje quero falar sobre um aspecto positivo do que está relatado em 1 Samuel 10:17-26. Saul foi escolhido rei de Israel, e a escolha foi do próprio Deus, o que nos mostra que o jovem tinha algumas qualidades, ele tinha virtudes, embora saibamos que em algum momento de sua vida ele se afastou de Deus. Mas Saul começou bem seu trabalho como rei, pelo menos aparentemente. O jovem rei não era perfeito, mas tinha tudo para se dar bem se tivesse sido tão prudente no seu reinado como foi no episódio narrado no texto acima.

O texto diz que depois que Saul foi declarado rei pelo SENHOR por intermédio do profeta Samuel, e imediatamente aclamado por uma parcela de seus irmãos hebreus, houve também quem não concordasse com nomeação do primeiro rei de Israel. Lemos em 10:24 que o povo ficou eufórico e gritava “viva o rei”, que era uma demonstração de que estavam felizes e satisfeitos com a escolha. O texto ainda nos dá entender que o povo trouxe presentes ao rei. A nação estava feliz, mas nem todos!

No verso 27 encontramos a informação de que os filhos de Belial não estava tão felizes assim. A expressão "filhos de Belial" é uma referência à homens, pessoas desprezíveis. Alguns intérpretes são categóricos em afirmar que Belial é uma variação do nome Belzebu, que é um dos nomes para fazer referência ao diabo. Seja como for, ser filho de Belial não era coisa coisa boa. 

Os tais homens não acreditavam na capacidade de Saul, eles não estavam dispostos a aceitar a autoridade divina dada ao rei. Isso fica muito claro quando lemos que os filhos de Belial “o desprezaram (a Saul) e não lhe trouxeram presentes” (v.27b). O cenário é fácil de ser entendido: homens maus dispostos a criar problema para o rei. Era de se esperar então que Saul reagisse, e tendo em conta que agora ele era o rei, poderia levar aquela situação às últimas consequências, e se ele fizesse isso ninguém poderia dizer que ele estava errado.

Mas ai vem a surpresa, pelo menos pra mim. O texto diz que Saul não disse nada, não reagiu, não questionou. Mostrou um controle emocional invejável, auto controle constrangedor. O final do verso 27 diz espantosamente que “Saul se fez de surdo”. Veja ele ouviu o que foi dito, ele percebeu a oposição, o deboche, a rejeição, e mesmo assim não disse nada. Honestamente, nem parece o mesmo Saul que desobedece a Deus (1Sm 15), que tenta matar Davi (1Sm 18:17-19), que consulta a médium (1Sm 28). 

O que aprendemos com esse relato é que ficar calado pode evitar muitos problemas. Mesmo que tenhamos razão, mesmo que tenhamos motivos para discutir, o melhor é calar, e deixar que o nosso silêncio cale a voz dos filhos de Belial. E a propósito, o diabo pode enviar pessoas para nos irritarem, para nos desestabilizarem, mas se seguirmos o exemplo de Saul e obviamente o de Cristo, o inimigo se verá obrigado a “tirar seu time de campo” (Tiago 4:7). 

Naquele dia Saul foi brilhante, fez jus ao ditado que diz “que em boca fechada não entra mosquito”. E você está disposto a se fazer de surdo para evitar mais problemas do que aqueles que você já tem?
 
Que Deus te dê uma excelente semana! 

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