Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se
perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. (1 Coríntios 1:18)
Uma das áreas de estudo dentro da teologia é filosofia. Não
sou nenhum especialista em assuntos filosóficos, mas gosto muito de estudar
tais temas. Um exercício que gosto de fazer é investigar um pouco da vida dos
filósofos, desde os mais conhecidos como Platão e Sócrates, bem como outros menos
populares como Lao Zi que é considerado o fundador do taoismo filosófico.
Embora não concorde com tudo que eles falaram, é importante reconhecer que
reflexões importantes podem ser extraídas do pensamentos desses grandes intelectuais.
Entre os filósofos gregos, existe um que eu acho bastante
interessante pelo fato dele ter sido contemporâneo de Jesus Cristo, e ter
visto, vivenciado algumas das experiências daqueles dias. Estou falando de Lucius
Annaeus Seneca, ou simplesmente Sêneca. Esse filósofo nasceu em 4 a.C., na
cidade de Córdoba na Espanha, era de origem importante, e sua família poderia
ser considerada ilustre naqueles dias. Sêneca se tornou um dos mais importantes
advogados do Império Romano, sendo também um dramaturgo de sucesso. Mais tarde
se tornou uma referência para a dramaturgia europeia, sobre tudo no
renascentismo.
No ano 41, Sêneca foi acusado pela esposa do imperador
Cláudio, de ter cometido adultério com Júlia Lívila, sobrinha do imperador. Isso
o levou a ser exilado em Córsega, e nesse período Sêneca dedicou-se aos estudos
e escreveu boa parte de seus tratados filosóficos.
Tendo sido prisioneiro e conhecendo a maneira como os romanos
lidavam com os condenados, Sêneca deu uma declaração bastante significativa.
Ele disse certa vez, escrevendo à um amigo, que preferia se suicidar do que ser
crucificado. Só pra termos uma ideia, a morte de cruz era a punição dada aos pobres,
os escravos ou àqueles que hoje chamaríamos de “ladrões de galinha”. Morrer
crucificado não era só terrível pela forma cruel como as execuções eram feitas,
mas também porque não comunicava nenhuma glória ou prestígio ao condenado.
Resumindo, para Sêneca, além de cruel seria uma humilhação morrer como um “João
Ninguém”.
Como eu disse no começo, Sêneca viveu na mesma época que
Jesus, e seguramente se pudéssemos entrevistá-lo para pedir sua visão sobre
como Cristo se sentiu, o filósofo espanhol poderia nos dar grandes
contribuições. Ele conhecia o contexto romano, já havia sido preso, teve sua
vida ameaçada e tinha medo da morte de cruz por conhecê-la muito bem.
Esse pensamento parece ser o pano de fundo do texto do
apóstolo Paulo em 1 Coríntios 1:18 que diz “Certamente, a palavra da cruz é
loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus.”
Com certeza a cruz era uma loucura, e falar em um suposto salvador que morreu
pendurado num madeiro sem glamour nenhum era um absurdo. Usando o argumento de
Sêneca como base, seria uma aberração acreditar que um homem que foi morto da
forma mais cruel e indigna que existia pudesse ser o rei de Israel, ou mesmo um
mártir.
Mas veja, podemos fazer algumas perguntas: quem conhece
Sêneca que preferia o suicídio à humilhante morte de cruz? O que significa a
cruz hoje? Qual o valor atribuído ao madeiro em que “criminosos” como Jesus
foram crucificados?
Não há como negar o poder da cruz! Alguns podem até não aceitar
o significado soteriológico da cruz, mas não pode negar que ela é um objeto que
tem impactado a vida de bilhões de pessoas mundo à fora. E porque isso? Por que
a cruz tem esse poder? Obviamente a resposta não está na cruz em si, mas
naquele que foi pendurado nela naquela sexta-feira pascal. A importância da cruz
está intimamente ligada, e é impossível desassocia-la, da pessoa de Jesus Cristo.
O poder da cruz é o poder de Cristo, o poder de Deus para salvar aquele que
crê!
Se Sêneca fosse condenado à morte de cruz, isso seguramente não
daria à ela o valor que tem atualmente. Mas, quem morreu na cruz foi o Verbo de
Deus, a Palavra encanada, a Palavra de poder.
A cruz não é importante em si mesma, ela é o que é por causa
daquele que foi pendurado, morto e ressuscitado. A cruz não tem glória nenhuma
e nesse ponto Sêneca tinha razão, a glória está em Cristo, o Cristo vitorioso. E a
propósito, a cruz está vazia!
Gaste tempo refletindo sobre a cruz, pensando no sacrifício de
Jesus por cada um de nós, por você.
“Far-nos-ia bem passar diariamente uma hora a refletir sobre a vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar assim em Seu grande sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais constante, nosso amor vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos de Seu espírito” (Ellen White, MM, 2004).
Deus te abençoe!
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