segunda-feira, 3 de julho de 2017

VOCÊ TEM CERTEZA? - Marcos 10:46-52

INTRODUÇÃO
Possuir uma deficiência seja ela qual for, não é e nunca será fácil. Dificuldades de acessibilidade, preconceito, variadas formas de rejeição, são algumas das dificuldades que as pessoas com necessidades especiais enfrentam.
Segundo a OMS, com dados de 2011, 1 bilhão de pessoas vivem com alguma deficiência – isso significa uma em cada sete pessoas no mundo. 
Além disso, mais de 50% das pessoas com deficiência não conseguem pagar por serviços de saúde.
Em um estudo realizado em 2003 pela Universidade de Rutgers (EUA), um terço dos empregadores entrevistados disseram que acreditam que pessoas com deficiência não podem efetivamente realizar as tarefas do trabalho exigido. 
Se atualmente existem essas e outras dificuldades para pessoas que sofrem algum tipo de deficiência, imagine como deveria ser ainda pior nos tempos bíblicos.

Antigamente
No chamado “Manuscrito das Regras”, qualquer pessoa ferida na carne, paralíticos de pés ou mãos, aleijados, cegos e mudos, não podiam fazer parte da congregação.
Ainda, de acordo com o manual “A guerra entre os filhos da luz contra os filhos das trevas”, nenhum coxo, aleijado ou cego, era digno de ajuntar-se aos eleitos na guerra escatológica contra e a hostes de belial. Nenhum deles poderia participar do banquete messiânico, assim como não podiam ter acesso ao templo em Jerusalém, exceto, para pedir esmolas nos seus arredores.
Definitivamente, a vida não era nada fácil para pessoas como Bartimeu, o cego. Isso fica evidente na maneira como ele é tradado durante seu clamor por ajuda (v.48). Ao invés de ajuda-lo, de socorre-lo, as pessoas mandam que ele fique calado –  Exclusão  Social.
Para Jesus contudo a situação é vista de outra perspectiva. Ele vê a pessoa por trás da dor. Ele vê o rosto por de trás das lagrimas. Cristo não quer apenas promover o fim da dor ou do sofrimento, Ele deseja ver o ser humano feliz e realizado. Jesus quer promover cura em todas as dimensões do ser humano – física, mental e espiritual.
"Penso, às vezes, que se Deus fosse colocar uma etiqueta de preço nos seres humanos, mesmo naqueles que padrões humanos podem considerar como sem qualquer valor, o número seria tão grande que seria impossível ler. Em sua aceitação das pessoas Jesus proclamou que ninguém é excluído, a não exceto aqueles que decidem, por si mesmo, se excluir." (Rodor)

O desejo do cego
Não sabemos o que Bartimeu entendia com a expressão "Filho de Davi". Nós sabemos por sua persistência, no entanto, que ele estava convencido que a misericórdia de Deus está profusantemente disponível em Jesus. Ciente de nada ter para merecer a atenção de Jesus, ele grita "tem misericórdia de mim". (Mulholland)


Bartimeu tinha um problema que lhe causava além de inúmeros transtornos e constrangimentos, também fazia com seu coração ficasse triste, amargurado. Contudo, ele tinha alguma esperança. No momento em que ele fica sabendo da presença de Cristo, sem pensar duas vezes ele começa clamar o mais alto que podia. Ele queria ter certeza de que Jesus o ouviria, e tinha certeza de que, se Jesus o ouvisse, de modo algum ficaria sem resposta – Ele tinha uma fé profunda e inabalável.
Aquele homem sabia bem o que queria, sabia do que precisava e estava disposto a fazer tudo que estivesse ao seu alcance, pois tinha convicção de que Deus era poderoso para fazer por ele aquilo que lhe fosse impossível.

A resposta/pergunta de Jesus
Jesus então atende seu clamor. Conforme previsto pelo cego, o Messias, filho de Davi não o deixaria perecer à mingua. Com grande compaixão Jesus pede para traze-lo. Cristo estava disposto a recompensar aquela vigorosa fé, não porque Bartimeu merecesse ou fosse digno, mas porque o Filho do Homem tem profundo interesse nos problemas e dores de cada filho por quem a vida Ele entregaria na cruz.
Cristo sabia tudo que se passava na vida daquele homem, e mesmo que não soubesse, ao ver um cego diante de Si saberia sem dificuldades qual era o maior desejo daquele sofredor. Mesmo assim Jesus faz a pergunta “absurda”, a pergunta de resposta mais obvia que alguém poderia dar – Será mesmo?
“Que queres que eu te faça?” Essa foi a pergunta feita Jesus para Bartimeu. Mas Jesus não estava falando apenas de sua cegueira. O Mestre não estava querendo “chover no molhado” como alguns poderiam sugerir. A pergunta tem um grau de profundidade muito grande. Era uma pergunta desafiadora para aquele homem!
Bartimeu estava acostumado à um estilo de vida. Estava quem sabe preso à hábitos que a partir de agora não fariam mais sentido. Se ele usasse uma bengala, teria de deixa-la; se ele obtinha recursos por meio da mendigagem, agora teria que trabalhar; se possuía um guia, agora teria que andar sozinho.
As mudanças seriam muitas, e também consideravelmente drásticas. A essa altura, fica mais claro o significado da pergunta “o que queres que eu te faça?”. Está preparado para as mudanças que virão? Está pronto para seguir um rumo completamente diferente daquele que você está seguindo? Está preparado para sofrer em virtude das renúncias e provações?

A escolha de Bartimeu
Bartimeu não titubeou! Respondeu com convicção: “Mestre que eu torne a ver.” Tão profunda quanto a pergunta, foi a resposta. Aqui vemos um homem disposto a arcar com todas as consequências de sua escolha. Aquele cego estava convicto de que não podia mais continuar como estava, e era seu desejo pagar o preço da mudança de vida. Bartimeu queria deixar de sofrer, queria parar de chorar, e para isso estava pronto a mudar completamente seu estilo de vida, hábitos, amizades, alimentação, vestuário, e tudo quanto mais fosse necessário.
O verso 52 trás uma informação muito significativa e importante. Após ser curado por Jesus, após receber a tão esperada benção, o cego não saiu correndo alegre comemorando na direção oposta de Cristo. Ele louvou a Deus, ele glorificou o Pai pela sua transformação, mas isso foi feito na companhia de Jesus. O texto é claro ao dizer que ele imediatamente tornou a ver, e a partir daí passou a seguir a Jesus pelo caminho. Bartimeu se tornou um discípulo, um seguidor de Jesus.
Por afirmar que Bartimeu seguiu a Jesus "no caminho" (10.52), o segundo milagre nos conduz diretamente a Jerusalém e à própria cruz(Mulholland). Em outras palavras, ao aceitar o socorro proposto por Jesus, Bartimeu também estava aceitando seguir com Cristo rumo a cruz, rumo ao Calvário. Ele estava negando a si por amor a Jesus, estava abrindo mão de seus interesses para viver os interesses de Cristo.
A última narrativa de cura em Marcos (não o último milagre) destaca as atitudes e ações de Bartimeu, que serve de modelo e de encorajamento para todos: um homem que sabia o que queria, e sabia o que fazer com isso quando o conseguiu.

Conclusão
Jesus conhece todas as nossas necessidades, até aquelas mais especiais e profundas. Ainda que sejamos discriminados, humilhados ou abandonados, Ele sempre estará pronto a nos amparar, nos atender.
Para isso é preciso que clamemos, que tenhamos uma fé forte, firme. Essa fé não pode ser alicerçado em nossa necessidade, mas naquilo que Deus pode de fato fazer por nós, ou seja no poder transformador, curador, e salvador de Jesus.
Ao recebermos a resposta de Deus, temos que realmente estar dispostos a aceitarmos as mudanças que essa transformação nos pedirá. Precisamos estar prontos a seguir Jesus ao longo do caminho, custe o que custar.
Hoje qual é o seu pedido? Mas além disso, qual será sua resposta? Cristo está diante de você e de mim agora e nos pergunta: “O que queres que eu te faça?”

Fontes
Mulholland, Dewey M.; Marcos Introdução e Comentário
Rodor, Amin; O Incomparável Jesus Cristo
White, Ellen G.; O Desejado de Todas a Nações
https://nacoesunidas.org/acao/pessoas-com-deficiencia/

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