segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Direito e Moral


“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.” 1Corintios 6:12

Para que os indivíduos de uma sociedade coexistam de forma harmônica, é absolutamente necessário que sejam estabelecidas algumas regras. Uma sociedade sem regras obviamente está fadada à desordem, ao caos. Instituições como família, escola, empresas, igrejas e tantas outras necessitam estar sob algum tipo de regulamento que as protejam e também lhes estabeleçam limites de sua atuação, bem como mostrar suas responsabilidades.

Na sociedade moderna, isso é conseguido (ou pretende-se conseguir) por meio do direito. O direito pode ser entendido com um complexo de normas e regulamentos que têm como finalidade estabelecer aquilo que certo ou errado dentro de uma relação bilateral. Em outras palavras, o direito sempre envolvera duas partes – você busca seu direito porque acha que alguém te prejudicou.

Em outra mão temos a moral. O juízo moral nos leva pensar do ponto de vista interior. Ao contrário do direito, a moral não envolve outra pessoa ou instituição, ela tem relação direta sobre o individuo, e por isso é unilateral. Em outras palavras mesmo que eu tenha direito a algo, nem sempre será moral fazer uso daquele direito, pois do ponto de vista individual o sujeito pode estar agindo contra sua própria consciência, o que em algum momento poderá lhe causar culpa ou remorso.

Um exemplo simples é o troco que você recebe no supermercado. Do ponto de vista do direito, você não comete um crime se fica com o troco que lhe foi dado a mais, afinal não foi sua culpa, você não teve a intenção de pegar o dinheiro. Contudo do ponto de vista moral, você saberá que aquele dinheiro não te pertence e poderá fazer falta para pessoa que equivocadamente o entregou. E se algum tempo depois você souber que a pessoa que te atendeu foi demitida porque faltou dinheiro em seu caixa, talvez se sinta culpado por não ter devolvido o dinheiro que recebeu a mais.

Sendo assim, concluímos que o fato de eu ter um direito não quer dizer que eu não deva ser moralmente responsável em seu uso. É muito comum ouvirmos algumas pessoas dizerem: “a vida é minha, e faço o que eu quiser”. Sim, isso é um direito, mas fazer o que você quer às vezes pode ferir, machucar, humilhar aos outros. Nem tudo que é garantido por direito é moralmente correto, pois em algum momento minha consciência poderá me cobrar por aquilo. Pensemos em quantas vezes agimos baseados em nossos direitos, mas acabamos por prejudicar outras pessoas.

Paulo diz em 1Corintios 6:12 que “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm...” O Apóstolo parece estar orientando os cristãos em Corinto a usarem o seu direito mas fazer também uma análise das implicações morais de seu uso. Temos o direito de fazer muitas coisas, mas não quer dizer que diante de Deus essas coisas sejam corretas ou adequadas. O mesmo Paulo diz em 2Corintios 5:10 que “é necessário que todos nós sejamos manifestos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, segundo o que praticou, o bem ou o mal.“ Nesse caso, não se trata apenas de cumprir ou não cumprir a regra, mas sim sobre a motivação para tal cumprimento.

Que Deus nos ajude a sermos cuidadosos no uso dos nossos direitos. Que possamos olhar para os nossos atos além do binômio “pode ou não pode”, mas também entendermos as implicações de nossas ações tanto em nossa vida, como na vida de outros.

Que Deus te dê uma abençoada semana!

Pr. Vanius Dias 

Um comentário:

  1. Muito bom meu amigo Vanius, espero que continue escrevendo, vc tem muito talento!

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